ALEPH
PENSANDO NOVOS FUTUROS
2024
LENDO JUNTO
Irmãs da Revolução

É justamente na fantasia que formulamos possibilidades, alimentamos respostas e criamos futuros possíveis para um mundo sem desigualdades, machismo e racismo.

É justamente na fantasia que formulamos possibilidades, alimentamos respostas e criamos futuros possíveis para um mundo sem desigualdades, machismo e racismo.

Em Irmãs da Revolução, encontramos uma obra importante pelo seu recorte de gênero e sexualidade a partir do viés da literatura especulativa, que agrupa ficção científica, fantasia e terror. O título já entrega boa parte da essência da obra: é uma coletânea com forte apelo à transformação social e ao debate a partir de diversas perspectivas de mulheres espalhadas pelo tempo e o espaço. De Angela Carter a Nnedi Okorafor, Irmãs da Revolução promove o encontro de vozes de mulheres com as mais diversas vivências desde o “desabrochar” da literatura fantástica feminista, entre os anos 1960 e 1970, até os tempos atuais. 

 

É importante frisar que a literatura fantástica sempre foi um espaço importante para a discussão feminista, mas é a partir dos anos 1960 que a pauta se torna urgente nesse espaço. Joanna Russ, autora que está inclusa na coletânea e uma das vozes mais contundentes da pauta feminista na ficção científica, dizia que era impensável que o fantástico e o especulativo acolhessem preconceitos do mundo real. É justamente na fantasia que formulamos possibilidades, alimentamos respostas e criamos futuros possíveis para um mundo sem desigualdades, machismo e racismo. 

 

De acordo com a crítica especializada, como Mahvesh Murad para a Tor.com, a obra passa longe de ser um compilado panfletário da causa feminista. Mais do que isso, Irmãs da Revolução é uma obra que celebra a diversidade do pensamento e das inúmeras óticas femininas e feministas, tanto sobre si mesmas quanto sobre o mundo do qual fazem parte. Como dizia Ursula K. Le Guin, uma das grandes damas da literatura fantástica do século XX, a ficção científica (e a literatura fantástica em geral) são espaços para imaginar o futuro, mas centrados a partir do presente. É isso que temos nas mãos: uma obra profundamente atual sobre mulheres e seus imaginários, que pode evocar a criação de um novo horizonte para as mulheres a partir do hoje. 

 

Sobre os curadores

 

Ann e Jeff Vandermeer são autores de literatura fantástica com muitos anos de tradição no gênero. Ambos são conhecidos por editarem inúmeras coletâneas de literatura especulativa, focadas especialmente no movimento weird, da qual ambos os escritores fazem parte. Ambos também têm uma carreira longa e duradoura como críticos de literatura fantástica contemporânea e são criadores da coleção Big Books, com textos fundamentais da fantasia e da ficção científica ao longo dos séculos.

 

Perguntas e temas para debate:

 

  • Existem temas comuns entre os contos? Quais?
  • Quais textos se sobressaíram na leitura? Quais deles marcaram mais os leitores e por quais motivos? 
  • Como a obra aprofunda o debate sobre feminismo na contemporaneidade? Existe apenas um recorte possível do que é ser feminista? 
  • É possível identificar representações diversas do feminino nas obras?
  • O gênero de ficção científica é muito permeado por referenciais masculinos. Quais debates a literatura feminista inspira nesse gênero?
  • Como o tema de raça permeia a coletânea? Quais são as conversas possíveis que surgem a partir de contos como os das autoras Nnedi Okorafor, Nalo Hopkinson e Vandana Singh?
  • É possível identificar o “momento” em que cada obra foi escrita? É possível identificar “marcas temporais” nos textos? O que parece mudar em relação a contos mais antigos e outros, contemporâneos?
  • Como enxergamos a construção da história de mulheres reais a partir do viés da literatura fantástica, como é o caso de “Os Assassinatos a Machado de Fall River”? 
  • Alguns contos, como o de James Tiptree Jr., flertam com a representação de uma sociedade particularmente hostil para mulheres. Como a violência de gênero é retratada nessa coletânea?
  • É possível identificar uma “forma” feminina de contar histórias? Esse tipo de tentativa de comparar técnicas narrativas aconteceria a autores homens exclusivamente por conta de seu gênero? 
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