ALEPH
PENSANDO NOVOS FUTUROS
2023
Uma antologia de ficção especulativa feminista com trinta contos de autoras renomadas de diferentes lugares do mundo.
PALAVRA DA ORGANIZADORA

Neste recado para leitoras e leitores brasileiros, Ann VanderMeer conta sobre o processo de edição de Irmãs da revolução. Comenta desde a escolha das autoras até a seleção dos contos da antologia.

SOBRE O LIVRO
Irmãs da revolução é uma coletânea de trinta contos de ficção especulativa escritos por mulheres de diferentes partes do mundo, que aborda temas como amor, trabalho, maternidade, política e ciência sob a ótica feminista.

O livro é uma contribuição para a ficção especulativa feminista, que tem sido publicada há décadas. A obra inclui clássicos do gênero e alguns dos nomes mais conhecidos da ficção científica atual, além de apresentar o conto "A mulher que vestiu a montanha", da autora brasileira Aline Valek, em primeira mão.

A ficção científica é um gênero literário baseado em especulações sobre o futuro, a ciência e a tecnologia, e que sempre foi dominado por autores homens. No entanto, ao longo das últimas décadas, cada vez mais mulheres têm escrito ficção científica, trazendo novas perspectivas e abordagens para essa área.

A ficção especulativa feminista teve seu grande desabrochar no fim dos anos 1960 e seguiu firme durante os anos 1970, criando assim a base para a abundância e a diversidade das obras atuais. O boom de tantas escritoras incríveis transformou a ficção científica e a fantasia para sempre. Esse período coincidiu com o surgimento da New Wave, movimento que defendia a experimentação e os valores literários.

Embora ainda haja muito trabalho a ser feito para tornar a ficção científica um gênero inclusivo, a ficção espe...

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ALEPH
PENSANDO NOVOS FUTUROS
2023
AUTORAS
"Às vezes, sinto que a parte de mim que é uma escritora de ficção científica está viajando numa velocidade diferente do resto de mim. Que tudo que escrevo está sempre já escrito, e que a escritora de ficção científica está enviando mensagens para mim em semáforo, na velocidade da minha própria digitação, que é uma velocidade retroativamente constante: eu não consigo digitar mais depressa do que já digitei."
—— Catherynne M. Valente em “Treze formas de olhar para o espaço-tempo”
ORGANIZADORES
Ann VanderMeer

Atualmente Ann é editora de aquisição na Tor.com e na Weird Fiction Review, e como editora residente no Shared Worlds. Foi editora-chefe na revista Weird Tales por cinco anos e indicada três vezes ao prêmio Hugo, ganhando-o uma vez. Além disso, venceu os prêmios Shirley Jackson, World Fantasy, Locus e British Fantasy pela coedição de The Weird: A Compendium of Strange and Dark Stories. Seus outros projetos incluem Best American Fantasy, três antologias steampunk e um livro de humor, The Kosher Guide to Imaginary Animals. Lançou recentemente The Time Traveler’s Almanac, The Bestiary, antologia de ficção e arte, Avatars, Inc, uma antologia online XPRIZE, The Big Book of Science Fiction, The Big Book of Classic Fantasy e The Big Book of Modern Fantasy.
Siga Ann nas redes: Twitter e site.

Jeff VanderMeer

Considerado um dos escritores de ficção mais estranhos do mundo, Jeff cresceu nas Ilhas Fiji e passou seis meses viajando pela Ásia, África e Europa antes de retornar aos Estados Unidos. Essas viagens influenciaram profundamente sua ficção. Ele começou a escrever aos oito anos e publicou o primeiro conto aos catorze. Ao longo dos 35 anos de carreira, VanderMeer foi 19 vezes indicado e quatro vezes vencedor do World Fantasy. Por onze anos, atuou como codiretor do Shared Worlds, um curso de verão sobre a escrita de ficção científica e fantasia voltado para adolescentes no Wofford College, na Carolina do Sul. 
Siga Jeff nas redes: Twitter e site.

  • Um power couple literário. _____ Boing Boing
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ENTREVISTA

Aline Valek é uma autora mineira-brasiliense que tem um conto inédito no livro Irmãs da revolução: “A mulher que subiu a montanha”. Nessa entrevista, ela descreve para a Órbita sua perspectiva sobre o texto, que discute principalmente como será nossa relação com o corpo no futuro. Além disso, Aline revela quais são suas referências no universo da ficção científica. 

LINHA DO TEMPO
FICÇÃO CIENTÍFICA FEMINISTA
—— por Cláudia Fusco

Embora a ficção científica feminista tenha se tornado um movimento organizado e florescido na segunda metade do século XX, inúmeras autoras pavimentaram o caminho para que mulheres como Margaret Atwood, Octavia E. Butler e Ursula K. Le Guin pudessem transformar a literatura especulativa para sempre. Confira a linha do tempo a seguir com alguns dos principais acontecimentos que marcaram a história das mulheres na ficção científica do Brasil e do mundo:

1666
Margaret Cavendish publica O mundo resplandecente, utopia filosófica protagonizada e liderada por uma mulher. É uma de suas poucas obras assinadas.
Mary Shelley publica a primeira versão de Frankenstein, obra sobre vida produzida de maneira artificial. Seu nome só sairia na capa do livro em edições futuras.
1818
1881
É lançado Mizora, de Mary E. Bradley Lane, considerado o primeiro retrato de uma sociedade utópica e tecnológica dirigida exclusivamente por mulheres.
Um dos primeiros romances escritos por uma mulher afro-americana, Lola Leroy, de Frances Harper, é lançado. A obra tem tons utópicos e discute raça e gênero.
1892
1899
É lançada a primeira obra de fantasia e ficção científica brasileira, A rainha do Ignoto, de Emília Freitas. A obra debate questões de gênero, como violência doméstica e relações entre homens e mulheres.
O sonho de Sultana, de Roquia Sakhawat Hussain, é lançado. Essa é uma das obras de ficção científica indiana, utópica e feminista mais influentes do início do século.
1905
1909
Irene Clyde, autora trans, escreve Beatrice the Sixteenth, utopia em que o conceito de gênero é posto em xeque.
Herland, uma das utopias feministas mais famosas do mundo, é escrita e publicada por Charlotte Perkins Gilman.
1915
1920
A era das revistas pulp de ficção científica é repleta de sexismo, mas marcada por autoras como Clare Winger Harris, a primeira autora mulher a ser publicada em revistas de ficção científica, e Stella Gibbons.
Virginia Woolf publica Orlando, obra de profundo impacto na literatura feminista com fortes traços de ficção científica.
1928
1950
Autoras mulheres passam a ser mais publicadas em antologias de ficção científica no pós-guerra. Algumas, como Shirley Jackson, também ganham notoriedade na fantasia e no horror.
O pensamento feminista se espalha e propaga ao redor do mundo. Mulheres e suas pautas sobre gênero e sexualidade se tornam cada vez mais parte do debate público.
1960
1962
Madeleine L'Engle publica Uma dobra no tempo, clássico de ficção científica infantojuvenil com protagonismo feminino.
Anne McCaffrey se torna a primeira mulher a receber o prêmio Hugo, a maior premiação de literatura fantástica do mundo (e que existe desde 1953).
1968
1969
Ursula K. Le Guin publica A mão esquerda da escuridão, uma das obras mais influentes do século XX por questionar papéis de gênero.
Joanna Russ publica The Female Man, uma das obras de ficção científica de maior impacto da segunda onda feminista, retratando quatro mulheres que vivem em universos paralelos.
1975
1976
Marge Piercy publica Uma mulher no limiar do tempo, obra de protagonismo feminista e latino que alimenta o debate da utopia possível.
A primeira convenção de literatura fantástica feminista, a WisCon, acontece em Wisconsin, nos Estados Unidos.
1977
1979
Kindred, de Octavia Butler, chega às livrarias; é considerado uma obra-prima da autora e da ficção científica que debate gênero e raça no século XX.
Margaret Atwood lança O conto da aia, distopia feminista que influenciou profundamente o pensamento feminista do século XX.
1985
1991
Acontece a primeira edição do prêmio Otherwise, previamente conhecido como James Tiptree Jr., que celebra diversidade de gênero dentro da ficção científica.
Nas primeiras décadas dos anos 2000, mulheres se tornaram mais frequentes em espaços consagrados da literatura fantástica, recebendo nomeações e prêmios como Hugo, Nebula e World Fantasy.
2000
2013
A coletânea feminista brasileira Universo desconstruído é lançada gratuitamente.
Um movimento de extrema-direita e antidiversidade, o dos Sad Puppies, passa a questionar a presença de mulheres em premiações de ficção científica e fantasia e reprimir que sejam nomeadas à premiação. A comunidade literária responde à altura: o número de mulheres votadas e premiadas nesse nicho literário se torna um recorde.
2015
2017
N.K. Jemisin é a primeira pessoa na história a receber três prêmios Hugo de melhor romance em sequência pela trilogia A terra partida, uma obra de ficção científica que aborda questões de gênero, raça e clima.
A coletânea Irmãs da revolução, com alguns dos principais nomes da ficção científica feminista, é publicada pela editora Aleph no Brasil!
2023
INSPIRAÇÃO
05
Artistas fantásticas na História da Arte
LENDO JUNTO
É justamente na fantasia que formulamos possibilidades, alimentamos respostas e criamos futuros possíveis para um mundo sem desigualdades, machismo e racismo.

Irmãs da revolução, é uma obra importante pelo seu recorte de gênero e sexualidade a partir do viés da literatura especulativa, que agrupa ficção científica, fantasia e terror. O título já entrega boa parte da essência da obra: é uma coletânea com forte apelo à transformação social e ao debate segundo diversas perspectivas de mulheres espalhadas pelo tempo e pelo espaço. De Angela Carter a Nnedi Okorafor, Irmãs da revolução promove o encontro de vozes de mulheres com as mais variadas vivências desde o “desabrochar” da literatura fantástica feminista, entre os anos 1960 e 1970, até os tempos atuais. É importante frisar que a literatura fantástica sempre foi um espaço importante para a discussão feminista, mas é a partir dos anos 1960 que a pauta se torna urgente nesse espaço

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