Embora a ficção científica feminista tenha se tornado um movimento organizado e florescido na segunda metade do século XX, inúmeras autoras pavimentaram o caminho para que mulheres como Margaret Atwood, Octavia E. Butler e Ursula K. Le Guin pudessem transformar a literatura especulativa para sempre. Confira a linha do tempo a seguir com alguns dos principais acontecimentos que marcaram a história das mulheres na ficção científica do Brasil e do mundo:
1666
Margaret Cavendish publica O mundo resplandecente, utopia filosófica protagonizada e liderada por uma mulher. É uma de suas poucas obras assinadas.
Mary Shelley publica a primeira versão de Frankenstein, obra sobre vida produzida de maneira artificial. Seu nome só sairia na capa do livro em edições futuras.
1818
1881
É lançado Mizora, de Mary E. Bradley Lane, considerado o primeiro retrato de uma sociedade utópica e tecnológica dirigida exclusivamente por mulheres.
Um dos primeiros romances escritos por uma mulher afro-americana, Lola Leroy, de Frances Harper, é lançado. A obra tem tons utópicos e discute raça e gênero.
1892
1899
É lançada a primeira obra de fantasia e ficção científica brasileira, A rainha do Ignoto, de Emília Freitas. A obra debate questões de gênero, como violência doméstica e relações entre homens e mulheres.
O sonho de Sultana, de Roquia Sakhawat Hussain, é lançado. Essa é uma das obras de ficção científica indiana, utópica e feminista mais influentes do início do século.
1905
1909
Irene Clyde, autora trans, escreve Beatrice the Sixteenth, utopia em que o conceito de gênero é posto em xeque.
Herland, uma das utopias feministas mais famosas do mundo, é escrita e publicada por Charlotte Perkins Gilman.
1915
1920
A era das revistas pulp de ficção científica é repleta de sexismo, mas marcada por autoras como Clare Winger Harris, a primeira autora mulher a ser publicada em revistas de ficção científica, e Stella Gibbons.
Virginia Woolf publica Orlando, obra de profundo impacto na literatura feminista com fortes traços de ficção científica.
1928
1950
Autoras mulheres passam a ser mais publicadas em antologias de ficção científica no pós-guerra. Algumas, como Shirley Jackson, também ganham notoriedade na fantasia e no horror.
O pensamento feminista se espalha e propaga ao redor do mundo. Mulheres e suas pautas sobre gênero e sexualidade se tornam cada vez mais parte do debate público.
1960
1962
Madeleine L'Engle publica Uma dobra no tempo, clássico de ficção científica infantojuvenil com protagonismo feminino.
Anne McCaffrey se torna a primeira mulher a receber o prêmio Hugo, a maior premiação de literatura fantástica do mundo (e que existe desde 1953).
1968
1969
Ursula K. Le Guin publica A mão esquerda da escuridão, uma das obras mais influentes do século XX por questionar papéis de gênero.
Joanna Russ publica The Female Man, uma das obras de ficção científica de maior impacto da segunda onda feminista, retratando quatro mulheres que vivem em universos paralelos.
1975
1976
Marge Piercy publica Uma mulher no limiar do tempo, obra de protagonismo feminista e latino que alimenta o debate da utopia possível.
A primeira convenção de literatura fantástica feminista, a WisCon, acontece em Wisconsin, nos Estados Unidos.
1977
1979
Kindred, de Octavia Butler, chega às livrarias; é considerado uma obra-prima da autora e da ficção científica que debate gênero e raça no século XX.
Margaret Atwood lança O conto da aia, distopia feminista que influenciou profundamente o pensamento feminista do século XX.
1985
1991
Acontece a primeira edição do prêmio Otherwise, previamente conhecido como James Tiptree Jr., que celebra diversidade de gênero dentro da ficção científica.
Nas primeiras décadas dos anos 2000, mulheres se tornaram mais frequentes em espaços consagrados da literatura fantástica, recebendo nomeações e prêmios como Hugo, Nebula e World Fantasy.
2000
2013
A coletânea feminista brasileira Universo desconstruído é lançada gratuitamente.
Um movimento de extrema-direita e antidiversidade, o dos Sad Puppies, passa a questionar a presença de mulheres em premiações de ficção científica e fantasia e reprimir que sejam nomeadas à premiação. A comunidade literária responde à altura: o número de mulheres votadas e premiadas nesse nicho literário se torna um recorde.
2015
2017
N.K. Jemisin é a primeira pessoa na história a receber três prêmios Hugo de melhor romance em sequência pela trilogia A terra partida, uma obra de ficção científica que aborda questões de gênero, raça e clima.
A coletânea Irmãs da revolução, com alguns dos principais nomes da ficção científica feminista, é publicada pela editora Aleph no Brasil!
2023